Este post é de ler, não de ver.
Quando eu era mais novo, aqui há... Um ror de tempo... Quando eu era mais novo... Passas-me o chá?
Queria ser arquitecto-jornalistó-futebolista. Queria aparecer no televisor.
A minha avó a fazer o jantar e eu do outro lado do vidro a dizer-lhe: "Boa noite! O Futebol Clube do Porto acaba de escrever mais uma página brilhante na História do seu futebol! Voltou a ser campeão do mundo!". Ou um outro qualquer cliché, mesmo que ela não percebesse nada sobre o mundo da redondinha.
Nunca vi mulher tão devota. Ao seu deus e a um certo jogador. Para ela havia um só, uma só referência: João Pinto. Mas, o do Benfica, naquela altura. Vá que no Fê Quê Pê também havia um, mas esse era defesa, marcava muito menos golos e tinha mais jeito no falar. Não interessa, fosse na Selecção, no Chaves, no Tirsense ou no Farense, quando havia golo, a sua reacção era perguntar se tinha sido do João Pinto. O do Benfica.
Mas depois eu, do outro lado do vidro, ou não, dizia-lhe que tinha sido outro jogador de bola. Um qualquer. Então aí ela voltava às batatas e às coivinhas.
Quando eu era mais novo, um pequeno, eu não era pequeno, era grande. O meu mundo era pequeno mas eu era grande. Afinal ia ser arquitecto-jornalistó-futebolista e isso não era para um qualquer Abílio, Rufino ou Cristiano.
Eu era Victor. Com "V" grande. Não é um nome qualquer. O meu avô está no hospital e eu ando aqui a pensar no Victor. Mas ele está bem, é só uma perna. Hoje vou visita-lo.
Fico-me com o arquitecto-mais-qualquer-coisa. Ou só então pelo mais-qualquer-coisa. Mas isso também não é mau. Poderei ser um empresário de muito sucesso. Ou não. Já não me interesso pelo tele-visor e já não sou criança. E isso significa que perdi as minhas certezas.
E agora, agora não me ocorre nada mais sobre a infância. Agora penso em mulheres: miúdas e gajas. Isso é tema para outra conversa.
E, quando eu era mais novo, não escrevia assim.
Eu era Victor. Com "V" grande. Não é um nome qualquer. O meu avô está no hospital e eu ando aqui a pensar no Victor. Mas ele está bem, é só uma perna. Hoje vou visita-lo.
Fico-me com o arquitecto-mais-qualquer-coisa. Ou só então pelo mais-qualquer-coisa. Mas isso também não é mau. Poderei ser um empresário de muito sucesso. Ou não. Já não me interesso pelo tele-visor e já não sou criança. E isso significa que perdi as minhas certezas.
E agora, agora não me ocorre nada mais sobre a infância. Agora penso em mulheres: miúdas e gajas. Isso é tema para outra conversa.
E, quando eu era mais novo, não escrevia assim.
2 Comentários:
Gostei do artigo e gostei de saber que voltou a carga!! Tá porreiro,
Um anonimo que tu conheces,
Abraço
Tas a ficar crescido, vitinho!
Então bora aí falar de gajas.
ahaha
abraço
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